30 março 2009

B-52’s relembra Rock in Rio e diz querer sentir a mesma energia

Grupo vem ao país pela terceira vez para shows no Rio, SP e Porto Alegre a partir de 17 de abril


Cores berrantes, penteados espalhafatosos e canções divertidas são os cartões de visita do quarteto americano The B-52´s. A melancolia, porém, já rondou a trajetória do grupo, que vem ao Brasil pela terceira vez para shows no Citibank Hall, na Barra da Tijuca, em 17 de abril; em São Paulo (18) e Porto Alegre (20). A apresentação no Rock in Rio, em 1985, até hoje faz com que a vocalista Cindy Wilson divida a descrição daquela memorável noite em duas partes: uma repleta de consternação e outra para lá de extasiada.

"Ao mesmo tempo em que foi difícil, porque foi o último show com meu irmão e fiquei para sempre com essa lembrança, foi uma ótima experiência", recorda Cindy, em entrevista por telefone, de Nova York. "Sempre é um bom tempo para os anos 80. As bandas que dão conta do recado ao vivo são as melhores. É mais difícil do que ir bem no estúdio. Sons agitados e urgentes tendem a perecer menos. Por isso ainda estamos aqui", completa.

O guitarrista Ricky Wilson, um dos fundadores do grupo, morreu aos 32 anos de complicações decorrentes da aids. As lembranças de sua despedida dos palcos de certo modo é salpicada de confetes. "Por outro lado, foi uma alegria imensa. O Rock in Rio está acima de todos. Volto sempre ao YouTube para rever o show. É emocionante. Estou ansiosa para reviver algo semelhante", conta a loira.

Antes da volta da banda aos estúdios com Funplex (2008), o B-52´s lançara Good stuff em 1992. Cindy saiu da banda dois anos antes e não participou da gravação e da turnê do álbum, alegando que precisava se dedicar mais à vida comum. A volta da vocalista foi em 1994. Mesmo com os 16 anos sem discos, o grupo nunca saiu de cena e veio ao Brasil em 1999.

"Estivemos trabalhando durante todo este tempo, não é como se voltássemos e escrevêssemos novas músicas do nada. Estávamos em turnê, sempre no palco", explica Cindy.



Oitavo álbum do grupo, Funplex chegou ao mercado em março do ano passado colhendo elogios de revistas como Spin ("Eles berram pelo nonsense e ainda permanecem legais"), Billboard ("Os versos ganchudos são prontos para os clubes") e Q ("É bom tê-los de volta"). "Estou orgulhosa do disco, teve boas críticas. Leio todas. Precisávamos lançá-lo. Estávamos todos animados com essa possibilidade", diz Cindy.

O produtor escolhido foi o britânico Steve Osborne. O comparsa do DJ Paul Oakenfold produziu todos os CDs da escocesa KT Tunstall e trabalhou em discos de Placebo, New Order, Peter Gabriel, U2 e Happy Mondays.

Mesmo com tantas (boas) referências, Cindy se embaralha ao comentar os trabalhos anteriores de Osborne, que tocou órgão, baixo e percussão em Funplex. "Ele produziu o... The Cure?", arrisca. "Não sei bem, foi o Keith (Strickland, guitarrista) quem o trouxe e todos embarcaram. Estava nervosa no começo, não sabia como seria. Chegou um inglês lá que mal conhecia, mas foi fantástico. Ele é engraçado, talentoso e fez o disco fluir bem do começo ao final", diz.

Na hora de falar sobre bandas da leva new rave (corruptela da new wave defendida pelo B-52´s) formada por novos grupos como Klaxons e Hot Chip, Cindy também grita o nome do colega de banda. "De novo é o Keith que tem mais essa cara", confessa. "Estou voltando para ouvir canções do country-blues. Uma coisa mais crua. Esse é meu espírito, triste e feliz ao mesmo tempo. Gosto deste tipo de energia, de quem tem um pouco de tragédia no vocal."

Egressa da cidade texana de Austin, que revelou o R.E.M. para o mundo, o B-52´s surgiu em 1976 e integrou a mesma safra nova-iorquina da qual faziam parte Talking Heads, Ramones e Blondie. "As músicas velhas se encaixam com o novo material. Vamos tocar todas as clássicas, como Love shack e Private idaho. Há algo para todos os gostos", garante a vocalista, antes de explicar sua longevidade. "Se você se manter na linha, fica forte e canta bem."

Fonte: JB Online

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