02 março 2010

ENTREVISTA // Laís Eiras, autora de "80 Maníaca"

De BH para o mundo, a história de uma jovem, que tendo sido criança nos anos 80, desejou retornar à época adulta. No balanço das horas, algumas coisas (não) podem mudar!

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Lembra do Genius? Então, esqueça. A moda agora é fazer pedidos online. Como? Eis a história de Luísa, que com apenas um clique no site Realizador de Sonhos foi parar na década perdida. E, não é que essa viagem acabou rendendo um livro? Em meio a celebridades estranhas que tanto agradaram a moçada 80ista, a ex-jornalista e DJ (atualmente escritora), Laís Eiras empresta sua imaginação à Luísa, uma jovem apaixonada pela cultura da década de 80. Em meio a transformações políticas, amores juvenis, surgimento do rock nacional, canções new wave e muito gel com glitter, a autora desvenda o porque de músicas sobre ursinhos de pelúcia causarem tanto furor na mulherada, conclui que nossas pin-ups eram as chacretes da época e que os pôsteres do Dominó, Menudos e NKOTB ficam melhor lá atrás, no armário da adolescência. Só então, ela dispara: “Toda época tem coisa boa. O importante é saber equilibrar a nostalgia com o momento de se ligar nas novidades”.

Lançado no segundo semestre de 2009 (veja foto da capa), cada capítulo começa com o depoimento de alguma "testemunha" dos anos 80 sobre a cena musical. Entre eles: Evandro Mesquita, Dé Palmeira (ex-Barão Vermelho), Luciano Nassyn (ex-Trem da Alegria), Guilherme Isnard (banda Zero), Clemente (Inocentes / Plebe Rude) e José Eduardo Mendonça (ex-editor da revista Bizz).

A pleno vapor nas vendagens, Laís usa também o twitter para criar pequenas novas histórias de @luisa_80maniaca e @rickmauro. Peraí, você não sabe quem é esse tal de Rick Mauro? "Uma mistura de Leo Jaime, Roger, Leoni, Dinho e Philippe Seabra", define a rockeira de 30 anos. Que tal a leitura? Aventure-se agora mesmo com Luísa, o ídolo Rick Mauro e uma série de outros personagens no site Oitenta Maníaca. Lá tem tuuuudo sobre o livro; link para compra, sinopse, vídeos que inspiraram a história e um capítulo disponível para leitura. 80 maníacos, preparem-se! Em 2010, ela vai invadir a sua praia. Essa onda vicia ...
Abaixo uma entrevista especial para o Canal 80:

Canal 80 - Quem é Laís Eiras? E, por quê os anos 80?

Laís Eiras - Sou uma pessoa que gosta de escrever, que gosta de música, que gosta de anos 80 e que sempre adiciona uma dosezinha de imaginação à realidade para torná-la mais divertida. O meu livro é exatamente um resultado disso tudo. Engraçado é que não consigo explicar muito bem o porquê de gostar tanto dos anos 80. Acho que foi a época em que eu conheci o mundo e a irreverência e o "colorido" de toda a cultura pop da época, que me marcaram bastante na infância.

Canal - A ideia do livro surgiu quando? Fale um pouco sobre a trama de "80 Maníaca" e esse tal de ‘Realizador de Sonhos’.

Laís - A idéia do livro surgiu de um fato real. Em setembro de 2008 fui a um show de vários artistas dos anos 80 e foi uma viagem no tempo quase literal. Algumas "coincidências" dignas de filme me fizeram pensar que aquela história merecia ser contada, mas com uma dose de imaginação para ficar mais interessante. O livro conta a história de uma moça, beirando os 30 anos, que havia sido criança nos anos 80 e desejava voltar a eles, mas adulta dessa vez. Além disso, ela nutria desde a infância uma paixão pelo maior ídolo pop da década, o Rick Mauro. Luísa, a personagem, recebe de uma amiga o link do Dreamsrealizator, o site do gênio, que realiza absolutamente todos os pedidos feitos. Para desafiá-lo, Luísa faz três pedidos, sendo um deles voltar à década perdida e, quando ela menos espera, o desejo se realiza.

Canal - Luísa representaria seu Alter Ego? E o Ricardo? Fale sobre a construção dos personagens.

Laís - Todos os personagens são baseados em pessoas reais. Na verdade, acho muito difícil construir personagens que não tenham nada parecido com as pessoas que passam pelas nossas vidas. A Luísa é sim o meu alter ego. A paixão pelos anos 80, o romantismo, o gosto pelo jornalismo musical e o lado estabanado são características que a personagem "herdou" da autora. O Rick é muito especial; é uma mistura de Leo Jaime, Roger, Leoni, Dinho e Philippe Seabra. Ele é uma forma que encontrei de simbolizar o ídolo dos anos 80.

Canal 80 - Como as testemunhas reais interagem na obra? Quem veio atrás de quem?

Laís - Achei que podia ser interessante colocar alguns depoimentos de pessoas que construíram para esse contexto do rock nacional. Uma grande honra foi ter tido o depoimento do Evandro Mesquita logo no início, um dos ícones deste cenário em que a história acontece. Outro depoimento legal foi do Dé Palmeira, ex-Barão Vermelho, falando da apresentação deles no Rock in Rio I, já que a história da Luísa também passa por lá. Vários outros depoimentos foram bem legais e, pelo que já tive de retorno, ajudaram a criar para a leitura um clima de 'volta no tempo'. Graças à internet, eu corri atrás de todos eles e deu certo. Mas os depoimentos estão bem separados da história, aparecem no início de cada capítulo.

Canal - A web te ajudou muito na divulgação do livro. Como se dá sua parceria com as mídias sociais e os sites Talk Interactive, Skoob e Reverbnation (também usado pelo Ritchie e Ultraje)? No livro, inclusive, você cita a relação fã / ídolo através da tecnologia. Para você toda esta parafernália ajuda ou atrapalha?

Laís - Tive como princípio básico na hora da divulgação, atirar para todos os lados e depois medir o que deu mais resultado. Criei twitter para os personagens (@luisa_80maniaca e @rickmauro) e quem os segue já pôde presenciar inclusive algumas "discussões de relação" entre eles. A Talk é porque uma das personagens mais importantes do livro, a jornalista Soraya Cruz, trabalha lá. Na vida real, ela é a Soraya Coelho e comentou um pouco sobre as minhas experimentações virtuais para divulgar o livro. Acho que essa tecnologia ajuda muito sim. Sem ela, penso que o livro não existiria, ou seria muito diferente do que é.

Canal - Desde o lançamento do livro, em 2009, como tem sido o contato com os fãs / leitores? Em sua opinião, atravessamos mesmo um revival 80ista ou a “década perdida”, de fato, deixa saudades?

Laís - Tem sido muito bom! Acho muito divertido encontrar outros 80 maníacos por aí. Achava que eram poucos e me surpreendi com a quantidade de gente que se identifica com a Luísa. "Tecnicamente" o revival de anos 80 já era para ter acabado. Mas acredito que os anos 80 continuam na moda, sendo relidos sob a forma de músicas, videoclipes, filmes, roupas, etc. (No momento em que respondo a esta entrevista, estou usando um brinco de raio que comprei há três dias em uma loja moderninha na rua Augusta).

Canal - Como estão as vendagens do livro? A compra é feita via internet ou para download?

Laís - Estão indo bem. "80 Maníaca" está à venda pelo site Clube dos Autores. O comprador recebe o livro de papel mesmo, em casa.

Canal - No seu blog, você tem uma seção chamada ‘Você nos anos 80’. Diga para nós, como era a Laís nessa época.

Laís - Eu era uma menina magrela (disso eu tenho saudades), de óculos e estrábica (disso eu não tenho saudades), que adorava assistir Chacrinha e sonhava em crescer para ir nos shows das bandas que escutava no rádio.

Canal - Complete a frase: No quarto você tinha um pôster do Menudo, Dominó, Guns ou ... ?

Laís - Menudo!!! Sem dúvida! Sempre curti aquele sotaque...

Canal - Por fim, como ex-DJ, qual seria seu Top 5 80ista? E, por quê?

1 - Girls Just Wanna Have Fun - Cindy Lauper
Essa é uma espécie de hino. Demonstra bem o clima de diversão e despreocupação da década.

2 - What a Feeling - Irene Cara
"Take your passion and make it happen" é a frase da minha vida!

3 - Pro Dia Nascer Feliz - Barão Vermelho
Essa também acho que foi um hino, mas um hino da democracia, do fim da ditadura, da esperança no Tancredo Neves. Apesar de não ter assumido a presidência, ele foi um ícone de um "novo Brasil".

4 - Miracle of Love - Eurythmics
Romântica ao cubo e levemente cafoninha, além de ser muito a cara dos anos 80, é a trilha sonora do romance da Luísa e do Rick Mauro, no meu livro.

5 - No Balanço das Horas - Metrô
Gostosa de dançar e passa muito bem essa ansiedade que nós mulheres temos ao esperar o telefone tocar. Nos dias de hoje, um e-mail ou SMS chegar. Bem a cara da Luísa.

Redação Canal 80

2 comentários:

Quado li o livro da Laís, voltei com a Luísa para a década de oitenta e revivi todas aquelas sensações juvenis legais envolvendo músicas, festinhas, paqueras, primeiro beijo, eleições... Adorei! Parabéns Laís!

Antes de conhecê-la pessoalmente, talvez pela mania de estereotipar pessoas, imaginava uma gordinha nerd de óculos, nada contra gordinhas, queria mesmo conhecer aquela menina inteligente apaixonada por anos 80...Tanto que quando apareceu em nosso show(tenho uma banda 80 de rock nacional chamada Tancredos)nunca imaginei que aquela gata tatuada dona de lindos olhos azuis tratava-se da mesma garota dos textos divertidos e antenados... Grande amiga se tornou. Sugeriu fazermos um show em homenagem aos 25 anos da eleição de Tancredo Neves, além de dar nome ao evento (Pro dia nascer Feliz), escrever a resenha, ainda tirou onda de VJ... Talentosa demais pra ser de verdade... Ainda desconfio que esse tal de Dreamsrealizator é de verdade, Laís não passa de uma viajante do tempo tirando sarro da nossa cara... Qualquer dia ela volta pro século 25 onde reside feliz com seu pai, o Dr. Emmett Brown.

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