21 março 2009

O Le Parkour, cada vez mais praticado na cidade, foi criado na década de 80

Além de escalar, correr e saltar obstáculos, os praticantes aprendem a superar limites e valorizar atitudes saudáveis

Cada vez mais fala-se no parkour. A prática chama a atenção, seja em documentários ou em filmes de ação, com gente correndo pelas ruas e realizando saltos em áreas de concreto ou em árvores. Quem conhece a realidade dos praticantes, no entanto, sabe que não se trata de meras exibições e muito menos de ocupação indevida dos espaços públicos. É mais que isso, é uma filosofia com a qual aprende-se a valorizar o próprio corpo, a vida e as atitudes saudáveis.

O le parkour, ou simplesmente parkour, é uma disciplina em que os praticantes usam o próprio corpo para ultrapassar obstáculos do caminho. Dessa forma, desenvolve-se habilidades como subir muros, pular barreiras e saltar de um lugar para o outro, mesmo que a distância seja grande – como um abismo entre dois prédios altos, por exemplo. É como se uma pessoa estivesse fugindo e ninguém pudesse impedi-la.

Não há competições e a superação dos limites individuais possibilita que, com muita prática e treinamento, se consiga feitos antes inimagináveis. Nos festivais, os praticantes reúnem-se para apresentações e troca de experiências. E é na internet que muitos desses encontros são marcados. Bate-papos virtuais e vídeos dão corpo à prática mundo afora.

Histórico
O parkour surgiu na década de 80. Sua criação é creditada ao francês David Belle, que, inspirado no pai (um soldado na Guerra do Vietnã), adaptou movimentos e aptidões exigidos no combate. Ele os batizou de le parkour (O percurso) e reuniu inúmeros adeptos, o que atraiu a atenção da mídia. “A ideia consiste basicamente em ser forte para ser útil”, explica Pedro Henrique Santiago, 23 anos, um dos pioneiros da modalidade em Brasília. “Você trabalha o seu corpo usando movimentos naturais, como escalar, correr, pular e saltar”, complementa.



Pedro Henrique conheceu o parkour há três anos, tempos depois de assistir a um documentário sobre a modalidade, que até então era difundida somente fora do Brasil. Ao procurar informações na internet, acabou conhecendo o analista de sistemas Alberto Brandão, o Beto, de 24, também um dos primeiros a praticar a modalidade na capital federal.

Logo de cara, Beto considerou o parkour diferente de tudo a que estava habituado. “Procurava algo que me proporcionasse saúde, mas não queria ir à academia de jeito algum”, revela ele, que à época não fazia atividade física e era obeso. “Pesava cerca de 30 quilos a mais que hoje”, conta. De tão envolvido, Alberto Brandão é o atual presidente da Associação Brasileira de Parkour e viaja sempre a fim de participar de festivais.

Mitos
Os praticantes lutam contra os estereótipos e ressaltam que não trata-se de um esporte de pular prédios, mas um desafio para si mesmo. Tanto quanto outras atividades ao ar livre, a proposta oferece riscos, mas não chega a ser exatamente perigosa. “O parkour visa primeiramente a integridade”, explica Alberto Brandão. Segundo diz, os movimentos pedem concentração e dedicação, mas, antes de serem executados, sempre há muito treinamento para adquirir confiança no corpo e na mente.

“Lembramos que a pessoa não pode fazer o que não está preparada”, ressalta. Por isso, o primeiro passo é fortalecer o físico. Apenas depois é que são introduzidos saltos básicos, seguidos dos que exigem mais técnica e conhecimento.

Benefícios
“O parkour trabalha todo o corpo”, garante Pedro Henrique. Muita gente procura a atividade para entrar em forma, mas os benefícios vão além. “Há pessoas que conquistam mudanças significativas de vida. Isso porque você passa a se alimentar com qualidade, a dormir melhor e a ter hábitos saudáveis”, enumera.

Para praticar o parkour, homens e mulheres precisam gozar de boa saúde. “Já os adolescentes, é aconselhável terem idade a partir de 15 anos”, explica Pedro. Um bom par de tênis (sem amortecimento exagerado) e roupas confortáveis bastam. Em Brasília, os interessados em aprender a filosofia podem procurar o grupo BrTracer, que realiza treinos às terças e quintas-feiras, a partir das 19h, na praça da 303 Sul. Sábado, pela manhã, é dia de encontro na 308 Sul.

Fonte: Jornal da Comunidade

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