Documentário "Alô, Alô, Terezinha!", que estreia nesta sexta, dia 30, mergulha na alma do povo para retratar um dos maiores artistas da TV brasileira
Distante do convencional, o diretor Nelson Hoineff não constrói o documentário "Alô, alô, Terezinha!" — premiado no Cine PE como melhor filme (vitorioso também na categoria do júri popular) — a partir da biografia do comunicador Chacrinha, morto aos 70 anos, em 1988. Com 300 horas de material bruto, o foco está mais na influência profissional que ele exerceu sob artistas da linha de Roberto Carlos (o cantor mascarado) e Fábio Jr. A robustez da produção vem do clima eufórico de revival de época e da adoção do modelo invasivo que o Velho Guerreiro, na cartilha dos animadores de pastoril (como decifra o entrevistado Alceu Valença), mantinha na interação com artistas e espectadores.
Sem grandes declarações ou revelações, o filme joga com o lado B do sucesso, reservado a 18 chacretes (que, num saudosismo, se apertam nos maiôs da época) e a um punhado de ex-calouros, ainda contaminados pelos fracassos derivados das buzinadas do Chacrinha, de títulos do gênero o “homem mais feio do Brasil” e da conquista dos troféus Abacaxi. Gordos e desdentados tinham vez na telinha, como reforçam as desleixadas (em termos de preservação) imagens do longa. Longe da “crueldade natural” (pelo que observa Gilberto Gil) do Chacrinha, a ex-jurada Elke Maravilha sacramenta elogios: “Ele tirava a gente do limbo e fazia a gente voar”.
Neste compêndio que examina a fugacidade da fama e se deslumbra com sonhadores derrotados, as chacretes são um caso à parte: em meio à insolúvel questão se, de fato, as vorazes dançarinas faziam programas, Vera Furacão (muito sincera e recolhida em Búzios), por exemplo, lamenta a desilusão do amor por um médico homossexual. De relevante, além do resgate do teor caótico evocado por Chacrinha, há o provocador Agnaldo Timóteo, que desautoriza João Gilberto e contesta a Tropicália e a Bossa Nova, e uma generosa Rita Cadillac, que encoraja o raio-x pessoal comandado por um fã. Com "Alô, alô, Terezinha!", Hoineff desperta a curiosidade (não encerrada) em torno do pernambucano José Abelardo Barbosa de Medeiros.
Fonte: Correio Braziliense
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