04 janeiro 2010

"Singular", o novo álbum de Lulu Santos

Discurso sonoro: 22° álbum surgiu com o sucesso de "Baby de Babylon" em trilha de novela

Veja detalhe das gravações


Lulu Santos não pensava em gravar um disco nem tão cedo. Depois do bom Longplay, que lançou pela Som Livre em 2007 e que praticamente passou em branco, ele queria mais era se dedicar ao palco. É ali, diante da multidão, que ele se garante desde sua estreia, em 1982. E reina absoluto, com canções pop que atravessam décadas alegrando corações e almas. Com o patrimônio (artístico) que tem, bem que o compositor podia ficar sossegado, sem pensar em CD por um bom tempo. Mas uma música nova mudou tudo: Baby de Babylon. Sucesso imediato, ganhou o público nos shows, entrou na trilha da novela Viver a vida, enfim, pediu para ser gravada. Por causa dela, surgiu Singular, o 22º álbum da carreira. Um disco nascido “do avesso” e com as melhores vibrações.

A escolha do repertório, segundo ele, foi muito natural. “Uma mistura rica de coisas mais recentes, uma ou outra ruminação anterior, e, principalmente, aquele trovão que não costuma
cair sempre no mesmo lugar, uma canção inspirada, forte e pulsante para trabalho público, como Baby de Babylon”, comenta. “A maior parte das canções é inédita, mas os dois temas instrumentais são meditações mais antigas que só agora acharam a sonoridade que lhes faz justiça. É uma questão de aprimoramento mesmo, só vem com tempo, tentativa, erro e eventual acerto.”

Lulu conta que pelo menos cinco músicas já tinham sido registradas, editadas e até “abandonadas” mais de uma vez antes de decidir gravar esse disco: Singular, Fulcio, Na’boa, Duplo mortal e o samba pop Procedimento. As duas instrumentais, “ruminações que o acompanham há anos e que também já tiveram encarnações anteriores”, são a faixa de abertura, Spydermonkey, e a de encerramento, Restinga. Já nascera instrumentais, não eram para ter letra mesmo. A ideia de Lulu era explorar a sonoridade de samba na guitarra, com uma ou outra distorção — até porque, para ele, samba é assim, com guitarra, não violão.


Entre as 12 faixas, também há uma versão para Black and gold, sucesso do australiano Sam Sparro, e outra para Zazueira, de Jorge Ben, que ele gravou para O baile do Simonal, tributo recém- lançado em CD e DVD. Singular, uma das melhores, deu nome ao disco porque o cantor achava que a palavra conseguia sintetizar as intenções do álbum: “ser próprio, peculiar”.

Em Perguntas, ele questiona como todo mundo: “O que é que há, onde já se viu?/ Vergonha igual a que se passa aqui”. “A letra da canção repete a famosa pergunta que não quer calar, ou melhor, que talvez não queiram responder”, diz. “É só abrir os jornais que cobrem escândalos políticos que logo vem a lista de perguntas que os envolvidos naquele escândalo em particular não conseguem ou não querem responder. A canção é sobre tudo isso”, explica o cantor,
que se divertiu feito criança no playground ao lado do produtor, programador e tecladista Hiroshi Mizutani. “Os recursos são muitos e sonoridade pra gente é discurso, é colocação. Deu um trabalhão, mas valeu a pena".

SINGULAR
Vigésimo segundo disco de Lulu Santos, produzido por ele e Hiroshi Mizutani. Lançamento EMI Music, 12 faixas. Preço médio: R$ 30.

Fonte: Correio Braziliense

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