Com o fim do Simply Red, Mick Hucknall experimenta novos estilos
Pode parecer uma daquelas ironias tipicamente britânicas, mas é sério: Mick Hucknall, um dos ídolos mais populares dos anos 80 e 90, não ouve rádio. Os sucessos da temporada não entram na sintonia fina do cantor inglês. Lady Gaga? Ele nem faz questão de comentar. Nos intervalos das turnês, o líder soberano do Simply Red dá férias à soul music e espairece ao som de música erudita. “Não tenho tempo para canções novas. Amo os clássicos e isso é tudo o que costumo ouvir quando estou em casa”, afirma, em entrevista.
O pop radiofônico, no entanto, ainda ocupa a maior parte da agenda do músico. É, digamos, o “batente” de um músico que, há 25 anos, trabalha pesado: desde 1985, lançou 10 álbuns de estúdio e cinco coletâneas. No total, vendeu 50 milhões de bolachinhas. Mas esses e outros números não convenceram Mick a rever uma decisão que, para ele, está tomada e pronto. Mesmo no azul, o Simply Red vai fechar a conta.
Os hits, é claro, sobreviverão à carreira solo do vocalista, que pretende estreitar as relações com a música negra dos anos 1950 e 1960. E admite: será um desafio dificílimo. A imagem do ídolo — com os insubstituíveis cachos ruivos — será sempre associada a mais-pedidas como "Stars", "For your babies", "Holding back the years" e "Fairground". As canções representam, por isso, alguns dos momentos mais esperados da turnê "Farewell", que chega neste domingo, no Pontão do Lago Sul. A viagem brasileira começa hoje em Recife e segue para São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
É o próprio Mick quem avisa: nessa despedida, o tom é de celebração. “O que chega ao fim é a ‘marca’ Simply Red. A partir de agora, terei mais liberdade para experimentar novos estilos”, explica. Acompanhado por músicos que o acompanham há anos, promete uma seleção de hits com a marca sonora que faz a fama do grupo: no palco, as influências do pop dançante dos anos 1970 e dos anos 1980 são valorizadas pela performance segura do cantor, ainda craque nos agudos poderosos. Os brasilienses que sentem saudades do baile romântico organizado pelos britânicos no Brasília Music Festival, em 2003, devem se preparar para um espetáculo à altura. “Este é um show para os fãs”, resume. Isto é: nada de lágrimas.
Três perguntas - Mick Hucknall
Quais são as expectativas para o retorno a Brasília?
Espero me divertir apresentando as canções do Simply Red para os fãs. Eles são a razão de tudo. Continuo a me entusiasmar com a ideia de cantar ao vivo e tocar com músicos brilhantes. Nós nos apresentamos juntos há muitos anos. É como uma família.
A banda tocou várias vezes no Brasil. O país deixa boas lembranças?
Sempre gosto de fazer shows na América do Sul. Minha única reclamação é que, nas turnês, não tenho muito tempo para conhecer os países. O Brasil tem uma energia extraordinária.
Há muitas diferenças entre o som do Simply Red e a carreira solo?
O Simply Red acabou desenvolvendo um estilo específico, influenciado principalmente pela música dos anos 1970 e 1980. Também sou apaixonado pelo som dos anos 1950 e 1960. Na carreira solo, vou me sentir mais confortável para compor canções que os fãs da banda não esperam ouvir.
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1 comentários:
Isto é uma pena! Vamos sentir muito falta.
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