25 setembro 2010

"Wall Street" volta aos cinemas com Michael Douglas; veja crítica

Demorou para sair? Drama de Oliver Stone parece não se desligar do primeiro longa soando ingênuo em uma Era tão competitiva

Veja as salas em cartaz
Shia LaBeouf ("Transformers") fala sobre seu papel

Diante do enredo de "Wall Street: O dinheiro nunca dorme", que revela um aprendiz capitalista (Shia LaBeouf) cortejado por um ex-tubarão da Bolsa de Valores (Michael Douglas), é possível ao espectador ter a impressão de um filme já visto. Passadas mais de duas décadas desde "Wall Street — Poder e cobiça", o diretor Oliver Stone retoma temas, como amoralidade e carreira
firmada na agressividade, mas traz um Gordon Gekko (que rendeu Oscar a Douglas) amaciado por um tempo de cadeia. Com prestígio, ele se firma como consultor que exalta não apenas os lucros da ganância, mas a legalidade na qual ela tem fluído, respaldada pela legitimidade dos “grandes bônus” dados aos mais endinheirados.

Encabeçando temas pertinentes, num primeiro momento, o filme valoriza o desiludido investidor Louis Zabel (o excelente Frank Langella), um mentor para Jake (LaBeouf), engolido pelo sistema que vende “medo e pânico”. Diante da carga de responder por 15 mil empregos, ele joga o pupilo na real, enfatizando a irrelevância dos sentimentos pessoais, frente ao concreto colapso bancário americano, em 2008. Se capta bem a frieza e a tensão das reuniões de gigantescas negociatas na era em que “um bando de máquinas nos diz o que fazer” (como destaca Zabel), o diretor foi
infeliz na opção da montagem (retrô e com inserções gráficas, ao estilo do primeiro Wall Street).


Como adianta a menção à série Pintura negra (com Francisco de Goya retratando um deus que mata o filho), Oliver Stone resvala para um discurso paternal piegas, ao lidar com o desejo de Gekko reatar o laço com a filha Winnie (Carey Mulligan). Na caricatura divertida — “eu sou humano”, chega a disseminar —, Gekko exalta, como consultor econômico, “a geração sem empregos e bens” que contempla os idealistas genro e filha.

Cheio de boas intenções, Oliver Stone pontilha "Wall Street: O dinheiro nunca dorme" com observações que soam ingênuas — em tempos de acirrada concorrência, Gordon Gekko, por exemplo, repõe a prioridade máxima de ter mais tempo no topo da escala de valores. Na contracorrente do irregular andamento da fita (por vezes, afundada no tédio), a redenção torta do protagonista reserva ao menos uma divertida surpresa: trata-se do momentâneo encontro com a cobra criada no primeiro Wall Street, o bem-sucedido Bud Fox (Charlie Sheen), que tem como planos a dedicação “à filantropia e ao golfe”.

Fonte: Correio Braziliense

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1 comentários:

Como discordar é possível, o crítico da Folha diz que o longa é um caso raro de boa continuação.

"É um caso raro de continuação que parece pegar a história anterior onde ela terminou e realmente levá-la adiante, em vez de ser apenas uma continuação oportunista", diz André Barcinski.

Em 1987, Michael (hoje com câncer de garganta) levou o Oscar de Melhor Ator. Sem citar o charme de Michael ... penso que vale a conferida!

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