Demorou para sair? Drama de Oliver Stone parece não se desligar do primeiro longa soando ingênuo em uma Era tão competitiva
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Diante do enredo de "Wall Street: O dinheiro nunca dorme", que revela um aprendiz capitalista (Shia LaBeouf) cortejado por um ex-tubarão da Bolsa de Valores (Michael Douglas), é possível ao espectador ter a impressão de um filme já visto. Passadas mais de duas décadas desde "Wall Street — Poder e cobiça", o diretor Oliver Stone retoma temas, como amoralidade e carreira firmada na agressividade, mas traz um Gordon Gekko (que rendeu Oscar a Douglas) amaciado por um tempo de cadeia. Com prestígio, ele se firma como consultor que exalta não apenas os lucros da ganância, mas a legalidade na qual ela tem fluído, respaldada pela legitimidade dos “grandes bônus” dados aos mais endinheirados.
Encabeçando temas pertinentes, num primeiro momento, o filme valoriza o desiludido investidor Louis Zabel (o excelente Frank Langella), um mentor para Jake (LaBeouf), engolido pelo sistema que vende “medo e pânico”. Diante da carga de responder por 15 mil empregos, ele joga o pupilo na real, enfatizando a irrelevância dos sentimentos pessoais, frente ao concreto colapso bancário americano, em 2008. Se capta bem a frieza e a tensão das reuniões de gigantescas negociatas na era em que “um bando de máquinas nos diz o que fazer” (como destaca Zabel), o diretor foi infeliz na opção da montagem (retrô e com inserções gráficas, ao estilo do primeiro Wall Street).
Como adianta a menção à série Pintura negra (com Francisco de Goya retratando um deus que mata o filho), Oliver Stone resvala para um discurso paternal piegas, ao lidar com o desejo de Gekko reatar o laço com a filha Winnie (Carey Mulligan). Na caricatura divertida — “eu sou humano”, chega a disseminar —, Gekko exalta, como consultor econômico, “a geração sem empregos e bens” que contempla os idealistas genro e filha.
Cheio de boas intenções, Oliver Stone pontilha "Wall Street: O dinheiro nunca dorme" com observações que soam ingênuas — em tempos de acirrada concorrência, Gordon Gekko, por exemplo, repõe a prioridade máxima de ter mais tempo no topo da escala de valores. Na contracorrente do irregular andamento da fita (por vezes, afundada no tédio), a redenção torta do protagonista reserva ao menos uma divertida surpresa: trata-se do momentâneo encontro com a cobra criada no primeiro Wall Street, o bem-sucedido Bud Fox (Charlie Sheen), que tem como planos a dedicação “à filantropia e ao golfe”.
Fonte: Correio Braziliense
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1 comentários:
Como discordar é possível, o crítico da Folha diz que o longa é um caso raro de boa continuação.
"É um caso raro de continuação que parece pegar a história anterior onde ela terminou e realmente levá-la adiante, em vez de ser apenas uma continuação oportunista", diz André Barcinski.
Em 1987, Michael (hoje com câncer de garganta) levou o Oscar de Melhor Ator. Sem citar o charme de Michael ... penso que vale a conferida!
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