09 fevereiro 2013

Musa do Axé dos anos 80 lamenta que ritmo não mostre mais sua essência


Cantora ficou conhecida pela música "A roda", que voltou a fazer sucesso na trilha da minissérie 'O canto da Sereia'

Uma das canções inesquecíveis que estão no set list dos blocos de axé é A roda, da baiana Sarajane (“vamos abrir a roda/ enlarguecer”). Ela ganhou gás ao ser interpretada pela personagem de Ísis Valverde na série O canto da Sereia, exibida em janeiro. “Essa música sempre foi um sucesso, as crianças adoram. Quando a minissérie estreou, muita gente se lembrou. Os que não a conheciam passaram a gostar. O axé retrô está na moda há algum tempo. Em Salvador, várias casas e artistas apresentam o repertório que bombou de 1985 a 2000”, revela Sarajane.

Atualmente, a artista tem uma banda de forró chamada Flor de Canela, mas não deixa de cantar axé. Afinal de contas, foi uma das musas do ritmo na década de 1980. “Fiquei parada uns seis anos, é difícil retomar. Queria muito voltar a me apresentar em Minas, onde sempre tive um público maravilhoso. Gostaria que um empresário ou representante mineiro ajudasse a mostrar meu trabalho”, diz.

Neste carnaval, Sarajane vai puxar blocos independentes em Salvador, além de cantar ao lado de Magary Lord, apontado como a revelação da música baiana. A artista lamenta que o axé já não consiga mostrar sua verdadeira essência. Para ela, é uma grata novidade o que Magary vem fazendo com o black semba – mistura de semba de Angola, samba do Recôncavo e black music.

“Axé mescla tudo: salsa, merengue, ritmos afros. As pessoas se identificam com a dança, com a energia. No entanto, ele mudou muito: está mais pop, moderno. Falta aquela coisa do negro que nós fazíamos. O Magary consegue retratar tudo o que a gente viveu, trazendo de volta ao palco um pouco da música negra, da dança. Ele é uma das grandes apostas da folia deste ano”, conclui Sarajane.

ABADÁ E JABÁ

A Raga Mofe é uma das bandas responsáveis pela retomada do ritmo em BH. Criada em 2010 com o objetivo de resgatar o repertório brasileiro da década de 1990, ela teve como embrião o Tchan de Raiz, em que o axé imperava. Mas, mesmo com o novo projeto, nomes como Gera Samba, Olodum, Cia. do Pagode, Timbalada e Terra Samba não ficaram de lado. De acordo com o vocalista Heleno Augusto, é impressionante como o público reage ao ouvir os clássicos. “Eles fizeram parte da vida de todo mundo, mesmo que você nunca tenha pisado na Bahia. Tocavam no carnaval do interior, no Espírito Santo, em Cabo Frio. Por isso têm essa identificação forte”, diz.

Heleno lembra que, no final da década de 1980, houve profunda reestruturação da música baiana. Blocos afros começaram a tomar as ruas e surgiram nomes como Daniela Mercury, Margareth Menezes, Sarajane e Luiz Caldas, que levaram a Bahia para a mídia. “Ali surgiram canções bonitas, bem executadas, que marcaram a vida das pessoas. Por isso, elas se perpetuaram. Hoje, a coisa está mais comercial, com esse negócio de abadá e jabá. Para mim, esqueceram-se de cuidar da composição em si. Mas os clássicos continuam aí, tocando em qualquer carnaval”, conclui. 

Fonte: Divirta-se/Uai

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2 comentários:

De fato, mudou muito. E meio que cansa muito também, pois toca o ano todo, não só no carnaval.
Bjssss

volta sara ao carnaval do ano que vem por favor to louco pra ti conhecer e canta a roda beijos

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