13 dezembro 2008

Conheça o brasileiro na direção de arte de Madonna

Carioca Giovanni Bianco assina visual do novo disco da popstar."Madonna é a maior trabalhadora do mundo", diz ele


Como diretor de arte, o carioca Giovanni Bianco já trabalhou com David Beckham e Brad Pitt para editoriais de moda da revista L’Uomo Vogue. Acabou de dirigir as campanhas de inverno da Forum e Tufi Duek, clicadas por David Sims com Kate Moss e Daria Werbowy. Reuniu Claudia Raia, Mariana Ximenes e Patricia Pilar na campanha da Arezzo. Mas nenhum desses trabalhos, segundo ele, supera o impacto que foi trabalhar para Madonna.

A loura entrou na sua vida de maneira zen quando o fotógrafo Steven Klein o convidou para participar da direção de arte de um editorial, que clicou a estrela em poses de ioga para a revista "W", em 2004. Desde então tem feito o design gráfico dos shows "Re-Invention Tour", "Confessions" e "Sticky and Sweet", os tour, looks e as capas dos CDs, incluindo o logotipo da própria empresa da cantora, a Semtex Girls (nome de um explosivo conhecido).

“É maravilhoso ser parceiro de uma pessoa tão icônica. É uma escola incrível. Quando disseram que ela iria fazer o show no Brasil, para mim foi uma festa”, afirma Giovanni, que hospedou-se esta semana no Copacabana Palace e vai assistir aos dois shows no Rio e em São Paulo.

"Ela tem uma força de trabalho inacreditável"
“Vou levar minha família, minha irmã, Maria, meu cunhado, todas as minhas primas e alguns amigos. Convidei meu pai (seu Graziano) mas ele tem 78 anos e falou: vejo na televisão. É legal você dividir uma coisa que foi tão importante para mim. As pessoas perguntam se estou trabalhando mais por causa dela. Não, mas isso criou um valor muito bacana no meu portfolio. Nunca aprendi tanto. Em todos os sentidos, nos melhores momentos e nos piores. Ela tem uma força de trabalho inacreditável”, diz o diretor de arte, que por contrato é proibido de divulgar qualquer detalhe pessoal e profissional da cantora.

Neste sábado, 13, ele recebe o fotógrafo Steven Klein, que vem ao Rio pela primeira vez. “Minha parceria com ele começou quando o convidei para fazer um trabalho na Triton. Olha que louco”, lembra. “Graças a ele consegui entrar com uma força bacana no mercado internacional. Hoje trabalho com Steven Meisel, David Sims e vários outros grandes fotógrafos”.

Giovanni conta que “no trabalho com Madonna você é o instrumento. De todas as artistas com quem tive uma relação profissional, ela e a Marisa Monte têm um controle total de tudo que elas querem, do que elas são e do que elas fazem. Ambas já vêm com a idéia. O bacana é a oportunidade de fazer uma pesquisa rica. É muito desafiante. Às vezes quando você trabalha para outros artistas tem que trazer tudo. Lá é o oposto, você já recebe o pacote fechado. O desafio é remontar o pacote”.

Em 'Hard candy" a mensagem é: estou vencendo em cada ringue
Para Giovanni Bianco, a mensagem da artista em "Hard Candy" é: estou aqui, estou vencendo em cada ringue. “Ela está sempre se reinventando de maneira original. Sabe também que parte do sucesso do trabalho dela está na força corporal. É uma artista completa", diz ele.

"E ela trabalha muito. Às vezes a gente acha que trabalha muito mas ela é a maior trabalhadora do mundo. Já me dediquei noites e noites seguidas, madrugadas e madrugadas. Tanto na pesquisa como na apresentação final, com Madonna, sabemos que o importante é a rapidez e a precisão. Não precisamos dar oitocentas mil opções. Depois disso posso enfrentar qualquer tipo de desafio profissional porque talvez ela seja a pessoa mais exigente de todo o mercado. Às nove é às nove ou talvez cinco para as nove. Nove e um já é um desastre”, afirma.

Conhecido pelas opiniões polêmicas no mundo da moda, Giovanni acha que hoje o grande erro é vender moda brasileira pelo cenário. “Moro anos lá fora e dessa maneira não vamos conseguir. Não conseguimos formar nem uma grande Zara, porque não temos preço nem distribuição. E também não conseguimos emplacar nenhuma linha de design. Por que? Porque está tudo muito individual, a idéia do cenário é maior. Não adianta sair uma roupa numa revista se a marca depois não consegue distribuir e vender para o mercado. Na Itália a Miuccia Prada não está preocupada com o espagueti. É independente e global”, afirma.

Para o diretor de arte, “essa história de moda brasileira é cansativa porque a gente continua querendo vender um cenário. Acho linda a idéia do Rio Summer. Gostaria de ter dez Nizans na moda mas um Nizan preocupado com a moda. Ele é genial, a pessoa mais brilhante de marketing aqui mas ele podia vender esse projeto para o mercado imobiliário ou hoteleiro para os investidores virem e comprarem vários prédios. Gosto de samba e caipirinha. Mas para o turismo cultural do meu país. O business da moda não é esse”.

Estúdio em Nova York faz campanhas para Missoni
Atualmente Giovanni mora em Nova York, no West Village quase no Soho. Carioca de Santa Teresa, fez engenharia na Universidade Veiga de Almeida à noite e depois a Escola de artes Visuais do Parque Lage. “Lá tive esse grande mestre, Ronaldo Macedo, que me me apresentou a designer Ana Couto, primeira a falar de branding no Brasil. Fui para Itália e a história rola até chegar aos dias de hoje”.

Uma história marcada por overdose de trabalho, criatividade e um talento vendedor que atribui à experiência na feira, onde chegou a trabalhar na barraca do pai. Hoje tem 14 funcionários e um estúdio grande, responsável por campanhas como as da Missoni, Pepe Jeans, Arezzo e outras marcas conhecidas. Aos 43 anos, conta que tem necessidade de estudar e leu recentemente “A elegância do ouriço”, de Muriel Barbery, da Cia das Letras.

Fã de Ione Saldanha, voltou a pintar. “Passo horas e horas pintando as madeiras e imitando as ripas de Ione. É muito engraçado e eu penso: meu deus, estou fazendo um plágio! Mas é um exercício”. Giovanni cultiva um jardim no seu terraço. “ Umas pessoas têm cachorro, outras têm filhos e eu tenho plantas. Já me aconselharam a falar coisa bonita para as plantas mas às vezes chego estressado e dou bronca nelas. Parece um drama das camélias. É uma terapia. Adoraria fazer terapia em Nova York mas meu inglês é macarrônico. Imagina ficar falando em inglês seus problemas para uma pessoa. Não estou a fim. As ripas e as plantas são a minha terapia”.

Fonte: G1

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