09 dezembro 2008

"Gosto que me chamem de gostosa", diz Paula Toller

Aos 46 anos e casada há pelo menos 10, carioca seduz público feminino que prestigia turnê solo

Paula Toller pára, pensa um pouquinho e conclui: nos shows da turnê de seu álbum "SóNós", que há um ano percorre o Brasil, muito mais mulheres do que homens a chamam de gostosa. "Não que elas me façam propostas", brinca a cantora, com uma explicação na ponta da língua afiada. "Mulher fala muito, né?"

Difícil ficar de boca fechada diante do DVD Nosso, produção independente que Paula acaba de lançar. A moça, de 46 anos, entra em cena sem sapatos, calça-os languidamente, canta com suavidade, exibe pernas que mereciam prêmio e interpreta Grand'Hotel sentada sobre o piano. "Não poderia passar a vida sem cantar sobre um piano de cauda. É um clássico", diz. É também um fetiche, e ela sabe disso. "A sensualidade é uma pimenta. Porque senão fica tudo muito casto, quase religioso. E a intenção do show é provocar, emocionar e surpreender as pessoas", explica.

Paula é muito ciente da própria imagem. Na penumbra do restaurante Londra, em Ipanema, declina gentilmente de uma gravação em vídeo - "a luz aqui é muito vertical, vai dar sombra no rosto", justifica - e ela própria escolhe as fotos enviadas para a imprensa. Afinal de contas, é casada com um cineasta, Lui Farias, diretor do DVD, há 20 anos.

Lui, obviamente, sabe do frisson que sua mulher causa em cena, mas Paula diz que ele não sente ciúmes quando a chamam de gostosa. Ao contrário. "Ele acha bom. Lui é diretor de cinema, sabe que o que rola ali é ficção." Elogio nunca é demais. "É ótimo ser chamada de gostosa. Você precisa dessa energia. É bom ver que as pessoas estão reagindo a você."

Nem sempre, no entanto, ela teve noção da própria sensualidade. Certamente não tinha há 27 anos, quando estourou aos 19 anos com seu grupo de pop rock, o hoje adormecido Kid Abelha (na época acompanhado de & Os Abóboras Selvagens). "A mulher, na verdade, é um ser estranho numa banda de rock, e eu me colocava como moleque, era mais um no grupo. Com o tempo, decidi me colocar mais. E agora foi por inteiro. Revelo um pouco de um segredo, crio um canal de intimidade com o público", diz.

A intimidade chega, no DVD, quando ela convida a platéia para deixar as cadeiras do Teatro Oi Casa Grande e dançar com ela ao som de "Só Love" (de Claudinho e Buchecha) e "Saúde", de Rita Lee. Ou quando injeta pimenta nos versos de Assis Valente, sucesso de Carmen Miranda, o samba "E o Mundo Não se Acabou": "Beijei a boca de quem não devia/ Peguei no p... de quem não conhecia", ela canta. "Tem que ter irreverência, senão qual é a graça? Escancaração, hoje, só no funk. Não sei se é nossa moral católica, mas o tom coloquial é o que aproxima as pessoas."

Obrigação de se expor
Paula diz que não está de férias "nem do Kid, nem de nada". Nesta segunda-feira, dia 9, ela levou seu show ao Teatro Rival. "O jogo é esse: chegar muito próximo das pessoas e mostrar minha arte, sem truques. É possível ser artista, cantora, famosa e dividir uma experiência com o público", diz. Mas não é tudo que ela pretende dividir. "Sou de um tempo romântico, em que os artistas tinham certa aura. Hoje, é quase obrigação você se expor. Mas eu não gosto de incomodar, não quero encher a cabeça das pessoas com o que não é importante", diz.

Fonte: O Dia

Categories:

0 comentários:

Postar um comentário