29 dezembro 2008

Retrospectiva 2008: ENTREVISTA // Xuxa

Aos 45 anos, Rainha fala sobre novo show, violência infantil e pressão da audiência


Torçam o nariz e digam o que quiserem, mas não há como negar que ela é uma das personalidades mais bem-sucedidas do showbiz brasileiro. Apresentadora, mãe e mulher engajada em lutas sociais e ambientais, Xuxa Meneghel volta à capital federal neste domingo, 14. Desta vez, o encontro será com as crianças. Depois de passar pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, a apresentadora chega a Brasília com a turnê 'Xuxa festa'. Em entrevista exclusiva ao Correio, a rainha dos baixinhos (e de alguns altinhos!) falou sobre o novo espetáculo, mostrou-se preocupada com a situação das crianças no Brasil e disse não estar nem um pouco incomodada com a pressão da audiência.

O show
“Inicialmente, 'Xuxa festa' foi pensado para ser o número 10 do projeto. Ele seria o 'XSPB 10'. Na verdade, uma maneira de comemorar os 10 anos desse sonho que deu certo e presentear todos os pais que escutam as músicas com seus filhos desde o primeiro trabalho. Contudo, o Jorginho (Jorge Fernando) achou melhor adiantarmos essa comemoração e o que seria 'XSPB 10' virou 'XSPB 6'. 'Xuxa festa' é realmente uma baita festa. Durante o espetáculo, os pais dançam, os filhos dançam, os avós dançam... Esse é um trabalho e um show pensado para a família mesmo. Os pais chegam a se empolgar mais que as próprias crianças porque cresceram ouvindo as músicas. O resultado é um show muito bacana. O Gringo Cardia (diretor artístico) teve idéias bem diferentes para essa turnê. Ele fez uma cidade com pessoas andando de skate, bicicleta, patins... É como está no vídeo, só que com mais realidade.”

Crianças
“O meu trabalho com os pequenos é forte. Há dois anos, estou à frente da campanha Não Bata, Eduque e, mesmo cercada de muita gente, me sinto um pouco sozinha nessa luta. Isso porque existe um número muito maior de pessoas que defendem uma idéia contrária a esse slogan. É tão claro e nítido que a gente não deve bater em crianças porque isso causa uma série de problemas para elas, mas parece que a maioria não entende a profundidade desse problema. Cerca de 80% das crianças que apanham em casa acabam indo para as ruas, vendendo seus corpos, se drogando, matando, roubando... Isso sem contar todo o problema psicológico. Quando tive acesso a essa estatística, fiquei profundamente chocada e chateada. É triste saber que a cada 10 horas uma criança morre no Brasil vítima de algum tipo de violência. Há dois anos defendo a causa e, às vezes, tenho a sensação de que não podemos fazer nada.”

Educação, igreja e mídia
“A escola poderia ajudar mais nessa luta contra a violência infanto-juvenil. Como? Usando uma linguagem mais aberta com essas crianças e adolescentes para que esse mal não se perpetue e esses jovens de hoje não sejam os agressores de amanhã. A igreja, independentemente da religião, também poderia passar melhor essa mensagem de que bater em um ser indefeso é algo muito grave. Que não existe essa de bater em nome do amor e da educação. Já a televisão, que não tem medo de chocar, deveria mostrar essas crianças agredidas (ainda que tapando seus rostos) para que todos pudessem tomar conhecimento dos fatos. Mas, infelizmente, é mais fácil maquiar essa triste realidade. É como quando a gente está com dor de cabeça e a melhor solução parece ser o remédio, não o tratamento.”

Política
“A minha única política é a criança. Não faço outro tipo de política que não seja essa, simplesmente porque não entendo. Eu realmente gostaria de aprender muita coisa para poder ajudar mais. Trabalho há tanto tempo com crianças e ainda descubro que não sei muito sobre elas. Não sei defendê-las e ajudá-las da maneira como eu gostaria e isso me deixa angustiada. Faço a política para a criança e, se quiserem, podem usar minha imagem de graça, se for em prol dos pequenos. Se eu pudesse, até pagaria para ajudá-los.”

Dinheiro
“Minha fundação custa R$ 1,5 milhão por ano. Cuido de 370 crianças e 78 adolescentes, e cada um não sai por menos de R$ 330 por mês. Nesses 19 anos de Fundação Xuxa Meneghel, sempre paguei tudo exclusivamente com meu trabalho. Nunca tive ajuda de ninguém para manter nada. De uns anos pra cá, tenho até pensado em pedir ajuda às pessoas para que eu possa reverter esse dinheiro em outras coisas. Se todos ajudassem, o mundo seria bem melhor. Essa não é uma obrigação de quem tem grana. Resolvi montar minha fundação quando vi uma pessoa que não tinha dinheiro ajudando. Daí eu pensei que também poderia fazer minha parte, já que tinha dinheiro. Todos esperam que o governante ajude, que quem tem dinheiro ajude, mas isso deveria ser um dever do ser humano.”

Audiência
“Não me importo com a audiência, mas com meu público. É claro que a Rede Globo tem suas preocupações com os números, mas isso não chega até a mim. Quando acontece de perdermos um ponto ou meio ponto para o SBT (a Maísa é uma gracinha, né?), é notícia em todos os jornais, mas o contrário não acontece. Acompanhar ibope não é do meu interesse. “

Meio ambiente
“A preservação do meio ambiente é uma bandeira que levanto desde 1988, quando fiz 'Super Xuxa contra o baixo astral'. Nesse filme, eu já falava da natureza, do cuidado que devemos ter com o planeta. Talvez naquela época eu até tenha plantado uma sementinha no coração das pessoas, mas essa é uma luta lenta e, infelizmente, os resultados não são imediatos. Faço minha parte, mas muitos não fazem. A ficha parece que não caiu para algumas pessoas, sabe?”

Números Vitoriosos
- 45 anos de idade
- 25 de carreira
- Mais de 30 milhões de cópias vendidas
- 200 discos de ouro apenas no Brasil
- Quase 30 milhões de pessoas já assistiram a seus filmes nos cinemas
- 2.500 de capas de revistas
- Xou da Xuxa 3 a colocou no Guiness Book
- 200 fãs-clubes no Brasil
- R$ 250 milhões de patrimônio
- R$ 33 milhões é o ganho anual da apresentadora
- R$ 2,2 milhões são pagos a ela pela Rede Globo todos os meses

Fonte: Correioweb

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