Bastidores: De volta ao paraíso

Remake de 1982 será a próxima novela das seis, que já estréia com 15 capítulos finalizados

A Globo não tem lucrado muito com seu Negócio da China. Por isso aposta em empreitada bem brasileira para a próxima novela das seis. A temática rural e o estilo contemplativo de Benedito Ruy Barbosa vão ocupar o horário, a partir de 16 de março, no remake de Paraíso. A trama fez sucesso em 1982, com Kadu Moliterno e Cristina Mullins nos papéis de José Eleotério e Santinha. Na nova versão, Eriberto Leão e Natalia Dill encarnam o casal central. O diretor Rogério Gomes iniciou os trabalhos nos estúdios do Projac com os atores Leopoldo Pacheco, Fernanda Paes Leme e Carlos Vereza em clima de total entrosamento. Na cena, eles estão no gabinete do prefeito, discutindo problemas da cidade. Papinha, como o diretor é mais conhecido, trabalhou como operador de áudio na primeira versão e não teme comparações entre as duas produções. “Tenho lembranças fortes mas evito assistir. Sou fiel à história do autor, mas não há como copiar o que foi feito em 1980, mesmo porque hoje trabalhamos com outros recursos”, justifica.

Toda a história se passa na cidade interiorana de Paraíso. José Eleotério é considerado “filho do diabo” e Santinha leva a fama de ser uma jovem milagreira. Os dois vivem grande paixão e em torno dessa história de amor as tramas paralelas se desenvolvem. O prefeito do local é Norberto (Leopoldo Pacheco). “Faço aquele tipo de político raro. Norberto é bom-caráter e faz de tudo pelo bem da cidade”, adianta o ator, empolgado em viver o papel que foi de Sérgio Britto na primeira versão. “Se encontrasse o Sérgio ia perguntar vários detalhes por curiosidade, mas não me baseio no que foi feito”, reitera o ator.

Recorrer à primeira versão, no entanto, parece ser a prática adotada por Edmara e Edilene Barbosa, filhas de Benedito responsáveis pela adaptação de Paraíso. Quando dois jovens chegam do Rio de Janeiro querendo comandar a rádio de Paraíso, o prefeito pensa que está sendo perseguido. “Norberto acredita que são agentes do governo querendo derrubá-lo”, confirma Leopoldo. Essa era uma realidade crível na época em que o Brasil tinha um governo militar — e quando o folhetim foi exibido pela primeira vez —, mas que perde o propósito ao ser transportada para os dias atuais.

Na verdade, o jornalista Otávio (Guilherme Winter) e o publicitário Ricardo (Guilherme Berenguer) são dois recém-formados em busca de emprego. Winter adianta que inicialmente as coisas não vão ser tão fáceis na pequena cidade. “Meu personagem vê no interior todas as chances de crescer profissionalmente. Mas quando chega em Paraíso, as pessoas o recebem com certa desconfiança”, conta. “Ricardo é um cara do bem e tem projetos ambiciosos para a cidade. Tanto que quando chega não quer saber de romance, só de trabalho”, afirma Berenguer.

Fernanda Paes Leme também distribui sorrisos pelos corredores dos estúdios entre uma gravação e outra. Com cabelos mais curtos e visual moderno, ela interpreta Maria Rosa, a filha do prefeito. Na história, sua personagem será o braço direito do pai na prefeitura. “Como sou curiosa, é óbvio que digitei Paraíso no YouTube e conferi um capítulo da primeira versão. Ainda bem que não vamos usar aquele figurino anos 1980”, confessa Fernanda, às gargalhadas.

Carlos Vereza, que chamou a atenção em outras novelas de Benedito, como em O rei do gado, quando viveu o senador Caxias, será o padre da cidade. “Foi um pedido do Benedito”, conta o diretor Papinha. Na história, Vereza é um religioso que joga sinuca. “Já que a população não tem dinheiro para colaborar com as obras, o padre joga, ganha e investe na igreja”, conta o ator.

A intenção é estrear com 15 capítulos finalizados e o diretor conta com a preparação do elenco para isso. “Muitos já conhecem o estilo do Benedito e fica bem mais fácil trabalhar. Pretendemos voltar ao Mato Grosso eventualmente”, afirma Papinha.

Fonte: Correioweb