17 fevereiro 2009

Projetos cinematográficos para homenagear os 50 anos do ídolo Renato Russo

Em produção, pelo menos três filmes sobre o líder da Legião


Prestes a se completarem 50 anos do nascimento do cantor e compositor Renato Russo (1960–1996), um dos ícones do rock brasileiro, uma série de homenagens começa a brotar no horizonte. Estão em produção pelo menos três filmes sobre o líder da emblemática banda Legião Urbana e, no momento, a família do cantor dá os primeiros passos para a negociação com o governo do Distrito Federal para pôr em prática um sonho antigo: a criação do Memorial Renato Russo.

O processo mais avançado está na área do cinema. Além das filmagens do esperado "Faroeste caboclo", projeto do carioca René Sampaio abraçado pela Copacabana Filmes (produtora de Carla Camurati), e de uma possível adaptação da clássica Eduardo e Mônica, empreitada tocada pela roteirista e atriz Denise Bandeira, os fãs acompanham com expectativa os preparativos para a realização de "Somos tão jovens". Com direção de Antônio Carlos da Fontoura (Copacabana me engana), o filme, de longe o mais intimista dos três empreendimentos, terá 80% das cenas rodadas em Brasília, berço musical do roqueiro, e, como protagonista, o ator Thiago Mendonça.

"Será uma grande responsabilidade interpretar esse papel, pois ele é uma figura ainda viva em nossa memória, sua voz e seus versos ecoam. A ansiedade é inevitável. Mas sou grato por esse momento, por esse convite, por esse voto de confiança e presente dado pela vida maior", comenta o ator, conhecido do grande público por viver na telona outro músico, o sertanejo Luciano, do megassucesso 2 filhos de Francisco, e pelo Bernardinho na novela Duas caras. "Cada trabalho é um trabalho, cada roteiro é uma história. São dois personagens de universos particulares e distintos. Luciano vem do interior, da música sertaneja. Já o Renato é do mundo, do rock 'n' roll, de uma música mais urbana", separa.

Apresentado à família do cantor e compositor num almoço promovido pelo diretor Antônio Carlos da Fontoura num restaurante em Copacabana, Thiago empolgou a todos. Encantada com o artista, dona Maria do Carmo, mãe de Renato, aprovou a escolha. "Ele é uma gracinha, lembra muito o Juliano (filho de Renato Russo) na adolescência, quando tinha uns 14 anos. Foi amor à primeira vista", aprovou. "O encantamento foi mútuo, uma instantânea sintonia", concorda o diretor Fontoura. "Tanto dona Carminha quanto a Carmen Teresa (irmã de Renato) estão envolvidas no projeto. Trocamos ideias frequentemente, inclusive o título foi sugestão da dona Carminha, e a participação das duas está sendo preciosa e decisiva", emenda.

Sucesso na pele do homossexual Bernardinho, Thiago Mendonça conta que sempre foi fã de Renato Russo e chama a atenção para a importância do grupo formado pelo ídolo, por Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. "A Legião tem importância não só no cenário musical. Com letras permeadas de consciência, uniu rebeldia e poesia, contribuindo para a formação de melhores indivíduos, de cidadãos romantizados pelo rock 'n' roll", observa o ator, impressionado com outra performance inspirada no ídolo, a do colega Bruce Gomlevsky na montagem Renato Russo — A peça. "Acho o trabalho do Bruce muito bom, tanto pela composição corporal quanto pelo rendimento vocal. Realmente, a gente tem a impressão de estar assistindo a uma apresentação da Legião", elogia.

Professor de inglês
Com roteiro em fase final a cargo de Marcos Bernstein ("O outro lado da rua") e captação de recursos em conclusão, "Somos tão jovens" começou a ganhar contornos poucos anos depois da morte do ídolo, em 1996. O embrião do projeto foi fomentado pelo psicólogo e produtor musical Luiz Fernando Borges, amigo de Renato Russo na fase carioca. "Nos conhecemos por volta de 1984, 1985, na época da gravação do primeiro disco. A partir dali, criou-se longa amizade, profunda mesmo, a ponto de nos falarmos todos os dias, nem que fosse por telefone", conta Borges. "Me lembro que, em 1998, estive no apartamento dele com a família, mexendo em algumas coisas. Na época, tinha acabado de fazer um curso de cinema nos Estados Unidos e planejava realizar um documentário."

Amigo de longa data de Fontoura, Luiz Fernando decidiu mudar a cara do projeto, dando início à parceria. "O Luiz tornou-se amigo da família, então eles nos autorizaram a fazer contatos para desenvolver uma cinebiografia do Renato", detalha o diretor. A partir dali, a ideia de documentário seria abortada, dando vazão a ficção intimista que focasse a transformação do homem em mito. O recorte percorre os primeiros passos do artista em Brasília, a fase como professor de inglês, o período do trovador solitário, o surgimento do primeiro grupo, o Aborto Elétrico.

Segundo Luiz, a preocupação era fugir da história oficial. "Não queríamos outro Cazuza ('O tempo não para', filme de Sandra Werneck com Daniel de Oliveira como protagonista), ou seja, um cantor de rock, doente, portador do HIV, essas coisas. Se isso entrar neste roteiro, será metaforicamente", garante Borges. "Quando o Luiz me trouxe a opção de um filme sobre o Renato, minha primeira providência foi mergulhar na trajetória dele. Daí surgiu a questão: como um adolescente preso pela epifiólise numa cadeira de rodas se tornou porta-voz de sua geração?", provoca o diretor, que já esteve em Brasília à cata de locações para o projeto. Entre os lugares visitados, estão a superquadra 303 Sul (onde a família do artista morou), a Cultura Inglesa (onde lecionou inglês), a UnB, o Restaurante Beirute e o Centro Comercial Gilberto Salomão. "Visitei os lugares marcantes na trajetória de Renato", resume.

Apoio garantido
As filmagens, que devem começar em agosto ou setembro em Brasília, prometem agitar a cidade. Informado sobre a produção, o governador José Roberto Arruda manifestou apoio. Segundo Fontoura, que conversou com Arruda no final de 2008,o governador se mostrou interessado no projeto social vinculado ao filme. "Tivemos uma conversa inicial e ele se entusiasmou com o projeto Força Sempre, que está sendo estruturado. A princípio, será um ciclo de palestras e workshops voltado para o público jovem do Plano Piloto e do Distrito Federal", antecipa o diretor.

Para o secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, o apoio é inevitável. Em contato frequente com o diretor, ele defende a participação de outros segmentos. Um primeiro passo seria a inscrição de Somos tão jovens no Fundo de Apoio à Cultura (FAC). "Temos obrigação de apoiar", defende. "Não há como o governo, a sociedade, as empresas de Brasília não apostarem num projeto como esse. O ideal seria buscar outras parcerias porque ninguém consegue fazer um grande filme só com o dinheiro do FAC", admite.

Ciente dos anseios da família de Renato Russo quanto à construção de um espaço em sua homenagem, Gorgulho é categórico. "O que a gente puder fazer para cantar as glórias do Renato Russo será feito. É importante para Brasília, para a cultura brasiliense, é incentivo às novas gerações. Agora, não depende só de mim. Vamos ajudar a dona Carminha (mãe de Renato Russo) a entrar no FAC como um projeto especial e mergulharemos de cabeça nos dois", promete o secretário.

Fonte: Correio Braziliense

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2 comentários:

Essas três canções como roteiros?? Interessante!!
Mas será que vão produzir de uma forma suave e ao mesmo tempo rebelde, que nem Renato Russo?

Algo como os produtores de Juno, por exemplo, talvez... bem próxima à realidade dos jovens de hoje em dia... Seria uma boa.

'Faroeste Caboclo' já fico imaginando.
'Eduardo e Mônica', também. Mas talvez fique enfadonho... Não sei. Só assistindo.

E como ficaria esse "Somos tão Jovens"? Fiquei imaginando... Algo como o filme Cazuza!

bjs, de uma passante, que tu conheces.

É! Se puder contextualizar com nossos jovens moderninhos de hoje, enfim, algo acessível ao novo e aos antigos. Mas, que venha a diversidade!

Verei pelo inusitado mesmo das versões mesmo e, como em cinema nada pode ficar muito longo, nem chato .... talvez adote uma linguagem mais publicitária, mais no estilo videoclipe até.

Tem que ter muita música, som alto e conflitos entre jovens, certo? O do Cazuza, por ex, gostei tanto que vi bem umas 3x. rs

Inté, passante (e, não tratante. rs)!

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