Personalidade em foco: Nando Reis fala sobre o novo disco de inéditas e os planos de mudança para um novo lar
Na sala de estar, o clima é de expectativa e discreta comemoração. Nando Reis e o casal de fotógrafos encontram um assunto em comum, quebrando o gelo em meio aos cliques. Tanto ele quanto a dupla em breve terão novos lares e comentam sobre as dificuldades de se mudar. "Depois de dois anos de reforma, acho que vou conseguir terminá-la agora", fala o músico, explicitando alívio.
Sem deixar transparecer, a espera maior neste momento é pelo lançamento de "Drês", o oitavo álbum da carreira "solo" do cantor e compositor paulistano de 46 anos - quarto que leva a assinatura de Nando Reis e os Infernais, explicando as aspas acima. Não menos autobiográfico do que os anteriores, mas com menos medo de expor sentimentos, o novo trabalho traz muitas faixas sobre uma recente paixão do artista. "As músicas que gravei dentro dos meus próprios discos foram feitas para as pessoas. Eu tenho essa relação música e musa", explica, citando como nasceram "Hi, Dri", "Driamante" e a faixa-título - homenagens à ex-namorada, a publicitária Adriana Lotaif.
Inaugurando uma carreira paralela aos Titãs com o disco solo 12 de Janeiro (de 1995, batizado de acordo com o dia do aniversário de Nando, nascido José Fernando Gomes dos Reis em 1963), o músico gravou apenas mais cinco álbuns de estúdio. Intervalos tão grandes entre lançamentos de trabalhos com músicas inéditas ("Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro", o segundo álbum, saiu cinco anos depois) tinham, a princípio, uma justificativa titânica: "Entre esses dois álbuns, o Titãs lançou "Domingo" e o "Acústico MTV Titãs", que vendeu mais de 1,7 milhão de cópias", ele explica. Quando "Infernal", seu terceiro álbum sozinho, foi lançado em 2001, Nando já era considerado um respeitável compositor de hits nas vozes de Cássia Eller e Marisa Monte e de bandas como Skank e Cidade Negra.
Mas, a ruptura com a banda na qual cantava, tocava baixo e compunha, estava próxima. "Eu não conseguia mais dividir da forma como é necessário que se divida o trabalho com tanta gente. Não tinha tanta tolerância para trabalhar as músicas que eu não tinha exatamente o mesmo interesse e percebia que isso acontecia em relação às minhas músicas também", Nando confessa, justificando a saída. "É desgastante trabalhar numa banda com a premissa, com o funcionamento dos Titãs, em que todo mundo tem o mesmo peso, todo mundo é uma democracia. Entendo que eles tenham ficado com raiva de mim. E eu também fiquei, e aí as coisas degringolam um pouco, sabe? Assim, ninguém é tão camarada, ninguém tem mais aquela tolerância até porque já estávamos 20 anos juntos."
A matéria na íntegra você confere na edição 32, da Rolling Stone, que já está nas bancas.
Fonte: Revista Rolling Stone
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