30 junho 2009

O ensaio geral dos plebeus no pub de um dos Paralamas

Dobradinha nos últimos dias 26 e 27: um hora e meia para testes das músicas do novo DVD



Casa lotada, 0h45, Clemente e André X dividem os vocais de Pressão social (“Há uma espada sobre a minha cabeça”), a terceira música do show de sábado. A dois metros do baixista, o rapaz alto, de óculos e barba, pula, dança, soca o ar, canta junto: “Tenho que trabalhar/ Tenho que estudar/ Tenho que ser alguém”. No outro lado do pequeno palco do O’Rilley Irish Pub, diante de Clemente, a moça negra de cabelos trançados, toda de rosa (vestido, esmalte, anel, colar), dança devagar, de cabeça baixa, olhos fechados (sim, ela está curtindo). Philippe Seabra retoma o microfone: “Boa noite, Brasília, nós somos a Plebe Rude. Este é o ensaio do DVD que vamos gravar em agosto. Quem não gostar de alguma música, avise logo”.

É hora de Discórdia, uma das seis faixas de R ao contrário (CD lançado em 2006, 25 anos depois do primeiro show da banda) que entraram no roteiro. “Incluímos essas seis músicas para não exagerar nas coisas dos anos 1980, porque as pessoas esquecem que os anos 1980, para nós em Brasília, era vaiar a polícia, fazer música para censura. Não era bermudinha e óculos coloridos, não, falou?”, justifica (e alfineta) Philippe, antes de emendar duas daquela década, Bravo mundo novo (do álbum Nunca fomos tão brasileiros, de 1987), e Medo, do Cólera (que a Plebe gravou no disco Enquanto a trégua não vem).
Em Medo, o sempre pilhado Clemente faz o que pode no pouco espaço que lhe sobra no palco: pesa a mão na guitarra, bate cabeça, explica que colocou uma “camisinha” (um pedaço de pano) no microfone porque tomou vários choques na noite anterior. O fã de óculos e barba enlouquece, pula e grita junto com o vocalista e guitarrista. A moça de rosa também gosta, dá uns pulinhos. Lá do fundo, um homem berra: “Rock ‘n’ roll!”. “Não é Pearl Jam para vocês ficarem excitados desse jeito. É Plebe, porra!”, brinca Philippe, antes de anunciar a (boa) inédita Tudo que poderia ser. “Tenham um pouco mais de entusiasmo. Lembrem que a música desconhecida é o sucesso que você ainda não conheceu”, convoca.

Daí em diante, mais duas de R ao contrário (E quanto a você e Dançando no vazio), uma de Nunca fomos tão brasileiros (A ida) e os clássicos do EP O concreto já rachou, cantados a plenos pulmões pelos fãs, acompanhados com balançadinhas de cabeça pelos “coroas” que ocupam o mezanino na segunda das três noites de “test drive” para o DVD que será gravado em agosto no Plano Piloto (seria em Ceilândia, nos dias 10 e 11 de julho, mas eles desistiram do local por questões técnicas). Em Johnny vai à guerra, Clemente sobe na caixa de som, canta cara a cara com o fã de óculos. Em Sexo e karatê, dá o microfone para o rapaz também. “Olê, olê, olê, olê, Plebe, Plebe”, faz coro a plateia. Às 2h, com as louras do mezanino batendo palmas e a mulher de rosa já batendo cabeça, vem a saideira, Até quando esperar.

O show não foi dos mais vigorosos da Plebe (vá lá, era ensaio geral), não como a noite excelente que eles fizeram no Espaço Brasil Telecom, em outubro do ano passado. Mas Leocádia Garibaldi, a moça de rosa, manicure de 40 anos que mora ali ao lado, na 410 Sul, e acompanha o grupo desde os 20, achou tudo “maravilhoso”. O rapaz de barba e óculos, José de Arimateia Fleury Brandão, médico de 28 anos, morador de Sobradinho e fã da banda “desde que nasceu”, também saiu de lá feliz da vida: “Show da Plebe é sempre muito bom. Eles nunca decepcionam os fãs”. Ontem, a banda se apresentaria mais cedo, às 18h. Uma matinê para os fãs levarem os filhos (ou os sobrinhos emos).


No repertório:
» O que se faz
» Censura
» Pressão social
» Discórdia
» Katarina
» Bravo mundo novo
» Medo
» Remota possibilidade
» Este ano
» Tudo que poderia ser
» E quanto a você
» Johnny vai à guerra
» Sexo e karatê
» Dançando no vazio
» Proteção
» Seu jogo
» A ida
» Minha renda
» Luzes
» Brasília
» Até quando esperar

Fonte: Correio Braziliense

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