29 dezembro 2009

RETROSPECTIVA: ENTREVISTA // ROGER

Vocalista do Ultraje fala sobre a relação com os fãs em meio a Web 2.0


1) O Ultraje a Rigor sempre fez questão de ter contato direto com o público através da Internet. Como surgiu esse interesse?
Na verdade começou antes da Internet. Sempre líamos as cartas de fãs e participávamos de fã-clubes. Depois participamos de comunidades de BBS. Nosso primeiro site foi feito por alguém que não conhecemos pessoalmente, só através da Internet, por e-mail, em 1996. Acho que juntamos a atenção aos fãs com o interesse por tecnologia.

2) Do antigo fórum presente no site do Ultraje até o Twitter, quais outras ferramentas interativas você já utilizou ou ainda utiliza?
Muitas. ICQ, chats, lista de discussão, fórum, guestbook e temos perfis no Shutterfly, Ning, Flickr, Yahoo, MySpace, Facebook, ReverbNation, 12Seconds, Orkut e outros que já nem me lembro.

3) É possível dimensionar qual o retorno profissional que essa interatividade com o público proporcionou?
Não, é difícil saber. O ReverbNation mostra gráficos, mas mesmo assim é difícil saber. Mas fizemos algumas amizades ao longo desse tempo todo.

4) O mercado musical tradicional costuma ser criticado por possuir muitos profissionais trabalhando pela grana e poucos trabalhando pela música. Os altos investimentos das gravadoras exigem um retorno também alto, o que transformou parte do ‘mainstream’ em uma interminável repetição de fórmulas garantidas. Com a internet, o cenário começa a mudar e hoje é possível que um artista independente seja reconhecido sem precisar passar pelas mãos desses profissionais. Ao mesmo tempo, há tantas bandas e tantas possibilidades online que, para buscar esse reconhecimento, o próprio artista pode passar a preocupar-se mais com o lado comercial de seu trabalho do que com a música em si. Quais cuidados um artista deve tomar para não perder o foco no que mais importa: a música?
Antes de mais nada é necessário que ele realmente tenha esse foco, a música. Não é o que acontece hoje em dia. Há uma falsa impressão de que basta divulgar bem e qualquer um pode ser famoso. No entanto, programas de TV tipo Fama e BBB mostram como isso pode ser falso. Se você não tiver realmente algo interessante para mostrar, dificilmente será famoso por mais do que os 15 minutos de praxe. Alguém com um trabalho bom, seja ele um sapateiro, um cozinheiro ou um músico certamente se destacará por si só.

5) Fazer críticas sociais com irreverência é uma das principais características do Ultraje a Rigor. Estando em contato com seu público e analisando sua influência depois de quase 30 anos de carreira, você acredita que a música de fato é capaz de transformar pessoas e situações?
A música me transformou. Não transformou todos que eu conheci e que cresceram comigo. Depende do valor que você dá ao que ouve, eu acho. Seja em música, livros, TV ou o que for. Tenho certeza de que alguns foram transformados.

6) Como a música, a internet também demonstra ser uma importante ferramenta de mobilização social. O que você tem feito para uni-las em busca de alguma mudança?
Bem, lancei algumas músicas via Internet, respondo aos e-mails que me chegam e recentemente escrevi um abaixo-assinado e o divulguei pelo Twitter, com a intenção de dar um pontapé inicial. É a mesma coisa com a música: não dá pra pensar que vou mudar uma cultura de um dia pro outro, mas é preciso dar um passo pelo menos.

7) Presume-se que, por ter algum acesso à grande mídia, você tenha mais facilidade em veicular suas idéias. Qual conselho ou dicas daria para um artista sem tanta exposição que tenha interesse em fazer de sua música um instrumento de mudança?
É verdade. Mas não tive sempre acesso à mídia, muito menos Internet. Meu conselho é seja sincero. Inclusive com você mesmo.

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