Aos 37 anos e 22 de carreira, primeira atuação veio graças à Marlene Mattos
Os tempos de paquita (Vídeo Show)
A um mês do fim de "Viver a Vida", Letícia Spiller ainda se surpreende com a reação do público com relação à sua personagem. Intérprete de Betina, uma mulher que é traída pelo marido e vive o dilema entre fazer o mesmo com o sedutor Carlos, de Carlos Casagrande, a atriz acha estranho não ser condenada pela possibilidade de trair na ficção. "Me espanto quando as coroas me dizem: 'sai com o bonitão. Por que ainda não traiu?'", conta ela, aos risos.
Para a atriz, não é difícil explicar o porquê da reação das telespectadoras. "Acho que elas querem se sentir vingadas. Acho que se o marido não fosse um safado, eu é que seria a vilã", analisa. Acostumada a interpretar papéis mais distantes de sua realidade, no atual trabalho ela encara um papel que se aproxima de suas características, como o bom humor. Porém, as semelhanças entre atriz e personagem param por aí.
"Eu não sou tão patricinha, trabalho desde os 15 anos. Ela deve ter feito, no máximo, faculdade de moda e largou", brinca, ao se comparar com Betina. E essa não é a única novidade na carreira desta carioca de 37 anos. Com 22 anos de carreira televisiva, sendo 18 como atriz, esta é a primeira vez que ela participa de uma obra de Manoel Carlos. "Quando soube que estavam escalando atores para a novela, procurei o Jayme Monjardim e disse que gostaria muito de trabalhar com o Maneco".
Como você se preparou para viver a Betina?
Não precisei ir muito longe para compô-la. Em alguns aspectos, ela é a personagem que mais se parece comigo. Mesmo sendo mais despojada que a Betina, considero ela muito próxima do meu jeito de ser. Por isso, emprestei um pouco das minhas características para a personagem, como a risada. Um ponto em comum é que sou muito brincalhona e ela tem um tom cômico.
O Manoel Carlos escreve em cima da hora e os atores recebem os roteiros com pouca antecedência. Como você lida com essa falta de tempo para preparar para uma cena?
Lido bem com isso. Quando atuei em "Bodas de Sangue", do Amir Haddad, tive uma preparação de nove meses, na qual aprendi a lidar com o vazio, que é justamente esse tempo curto entre o pensamento e a ação. Acho que acabei levando um pouco desse frescor para a novela. É fácil para mim, porque não tenho um texto muito grande, se não fosse isso, não sei se daria conta.
Durante sua carreira você acumulou personagens muito diversificados. Qual trabalho você considera o mais marcante da sua carreira?
A Babalu é meu xodó, porque foi meu primeiro trabalho importante na TV. Mas a Giovana de "O Rei do Gado" me instigou muito, até porque esse papel tinha uma linguagem de cinema, teatro e televisão ao mesmo tempo. A Anália, da minissérie "Amazônia", também foi muito marcante. Eu gosto de personagens que me fazem ficar completamente diferente de mim, inclusive externamente. Interpretar esse papel me proporcionou isso, muitas pessoas nem me reconheciam na televisão.
O fato de ter sido paquita da Xuxa facilitou para conseguir um espaço na carreira de atriz?
Por um lado, ter sido paquita fechou portas, porque tinha muito preconceito. Mas também facilitou muito. A Marlene Mattos sempre soube que eu queria seguir essa profissão, então ela me ajudou muito para que eu conseguisse minha primeira participação em uma novela, que foi em "Despedida de Solteiro", em 1992.
Fonte: UOL
20 abril 2010
"Ter sido paquita fechou portas", diz Spiller
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Entrevista
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