24 setembro 2011

E o rock caiu no colo dela // Roberta Medina

Foi dela a experiência bem sucedida na Europa. Com vocês, a patricinha do Rock in Rio ...

Imagina você ter um pai bem-sucedido, famoso por ter organizado o primeiro grande festival de rock num Brasil em plena transição política e ávido pelas novidades do cenário internacional. E logo aos 22 anos receber dele a missão de ser a coordenadora de produção da terceira edição do evento. Tudo na base do “se vira aí, garota”.

Após passeios pela obra, jantares para as bandas em casa e outras poucas lembranças de 1985, passando pela curtição de visitar os camarins e os shows que quisesse de 1991, a “mamata” acabou para Roberta Medina em 2001. Mal atingiu a maioridade, e já assumia um cargo de grande responsabilidade na gerência do maior festival de música do país. Tudo isso, vale lembrar, sob os olhares críticos de quem via nela “uma patricinha”, ou então, “a filha do homem”.


Foi com a melhor equipe de produtores do país que ela cresceu e apareceu. Dez anos depois, Roberta Medina não é apenas a vice-presidente do Rock in Rio 2011, que tem início no próximo dia 23 de setembro. Aos 33 anos, a empresária hoje tem no currículo seis edições do evento realizadas na Europa – para onde se mudou de vez. Hoje mora em Lisboa, Portugal, cidade que já recebeu, para inveja dos cariocas, quatro edições do Rock in Rio em menos de uma década. Em suma, tem hoje experiência de sobra.

Pincelamos neste post um pouquinho do que a moçoila fala. Se animar, veja aqui a íntegra.

Sua vida profissional é toda guiada pelo Rock in Rio?

Não é que seja guiada, mas é uma parte grande, digamos que 50% do meu tempo são para outros projetos. Metade, portanto, para o Rock in Rio. O fato de crescer perto dele, ter o presidente que é o Roberto [Medina, pai], e ter um time forte, faz com que a gente se divida, pois ele [festival] é uma empresa. Dá “muuuuito” trabalho. A gente, então, vai se multiplicando.


O que é muito engraçado para mim também é que o Rock in Rio é como se fosse um irmão. O Roberto é apaixonado pelo projeto, é o filho querido dele. Tudo o que passou de ruim, superações, estar presente hoje em três países [Brasil, Espanha e Portugal], é tudo muito emocionante. Somos todos parte de uma máquina que fez o festival crescer!


Você chama sempre o seu pai de Roberto?

Não, não, chamo ele de pai, se chamasse de Roberto ele ficaria mal humorado comigo. Mas profissionalmente eu prefiro chamar de Roberto.


Qual a lembrança que você tem da época que o seu pai organizou o primeiro Rock in Rio, em 1985? Você já tinha alguma noção do que representava o festival para o país?

Nenhuma dimensão. Tenho apenas memórias de brincar com produtos oficiais. Eu fui em dois dias, fiquei nos bastidores, lembro de botar gel colorido no cabelo, que era moda na época, e óculos coloridos. Tantas coisas divertidas. Lembro também de me perder na obra (risos). Estava ao lado de uma tenda, e eles [pai e funcionários] do outro. Quem me achou foi um funcionário do meu pai. Eu fiquei aos prantos. Lembro também de um jantar em casa para todos os artistas. Era uma sensação, uma euforia enorme de ter um jantar grande, empresários me dando presentes. Tenho também duas imagens na cabeça; uma é a Nina Hagen, e outra é a Rita Lee. Os cabelos coloridos me chamavam a atenção. [não à toa: até hoje ela gosta de pintar o cabelo com cores, digamos, extravagantes].


Em 2001, com apenas 21 anos, você assumiu o controle da produção do Rock in Rio. Você não se achava muito nova para tamanha responsabilidade? Como foi encarar tudo aquilo?

Assumi a coordenação de produção, o que foi uma insanidade do meu pai. Alguma razão ele deveria ter, porque eu não produzia efetivamente, eu geria informação apenas. Eu assumi mais responsabilidade do que eu poderia. Mas funcionou bem porque eu tinha a melhor equipe de show business do Brasil para me ajudar. Eu geria equipe, tinha que ler contratos, autorizar pagamentos, mas é claro que o planejamento minucioso não fui eu quem fez. Eu brinco que aquela edição foi mestrado e doutorado em nove meses muito intensos. Eu não tinha a mínima ideia do que eu tinha que fazer, não parei para pensar. No final foi muito pesado e quando acabou eu não queria ver nada do festival. Somente três meses depois eu quis ver. A gente estava num auditório da ArtPlan [agência de publicidade dos Medina], e quando rolou uma [tomada] aérea da Cidade do Rock, só ali que eu entendi a dimensão. Fiquei presa à cadeira, paralisada com aquela imagem desconcertante de milhares e milhares de pessoas. Foi incrível.


Rock in Rio na Europa: de quem foi a ideia, como foi montar e fazer a consolidação do festival em Lisboa e, depois, Madrid?

Meu pai sempre quis estar presente em todos os continentes. Ele queria que os shows da terceira edição fossem em 2000, pra contrariar que o mundo fosse realmente acabar. E ele, grande sonhador, como a gente brinca, queria fazer isso no mundo todo. Mas voltar a fazer aqui já era uma loucura, a gente brinca que queríamos deixar o mundo pra depois. No entanto, sempre quisemos internacionalizar a marca. Um rapaz português, um empresário, sempre vinha dizer que queria levar o festival para Portugal. E a gente não dava muita atenção. Um dia dissemos: se você marcar reunião com o prefeito, der garantias de preparar o parque, os serviços que o festival necessita, vamos lá conversar. Em duas semanas ele marcou tudo, e mais duas semanas depois o Roberto estava lá. Ou seja, em um mês assinamos o protocolo. Aí entrou a produção. Acabou ficando para mim a função de ir até lá e ajeitar a produção.


Como está a sua rotina? Está tendo tempo para alguma outra coisa além de pensar no Rock in Rio 2011?

Trabalho, casa, casa, trabalho. Mas uma coisa eu posso dizer: Lisboa me ajudou a ter um equilíbrio maior. Voltar para o Brasil dez anos depois é como se fosse uma primeira vez. Eu ficava indo e vindo de Portugal, era muito intenso. Em março, sim, eu “cheguei” de vez. As coisas ficaram mais apertadas a partir de maio, mas como eu disse, hoje consigo conciliar melhor, a experiência européia foi muito positiva nesse sentido.


Vocês esperavam que os 700 mil ingressos se pulverizassem da forma que ocorreu? É em função do momento econômico do país, ou todo mundo estava com saudade mesmo?

Acredito que seja a soma das duas coisas. Havia, claro, uma saudade grande do festival, o público brasileiro tem esse sentimento de pertença em relação ao Rock in Rio. Ele é um evento à parte. É comparado como uma Eurocopa, em termos de relevância. É o nosso Woodstock, é marca cultural na vida de muita gente. Mas tem o momento eufórico do Rio de Janeiro e do próprio Brasil, o que não podemos deixar de lado também.


Após a confirmação do line-up, teve quem torceu o nariz para o festival por trazer bandas de rock meio “repetidas”, como foi o caso do Red Hot Chili Peppers, do Guns N´Roses, dentre outras. Qual foi o critério de escolha das atrações?

Foi puramente uma pesquisa de mercado justamente com o Ibope. De cima para baixo. Friamente falando é isso aí. Trouxemos quem o brasileiro queria ver.


A pior apresentação na sua opinião?

News Kids On The Block, em 1991. Os caras tocaram com a roupa que saíram do avião. Não dava, faltou produção.


Fonte: MSN

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