"Tenho ouvido mais Queen, The Clash ...", revela o rockeiro
Todas as músicas são suas, em parceria com o Alvin L?
Uma grande parte sim, mas o Yves (Passarel, guitarrista) também participou. Também compus com o irmão dele, o Pitt. E o Robledo (Silva), nosso tecladista, fez uma música superbacana.
Os últimos acontecimentos revigoraram o compositor Dinho Ouro Preto?
Eu tô num momento meio "raízes". Tenho voltado a ouvir muitas bandas que eu ouvia com 13 ou 14 anos. Muito Led (Zeppelin), Queen e Aerosmith. Tudo o que eu parei de ouvir com o punk. Se bem que também tenho ouvido muito Clash. Gosto de bandas novas ou quase novas, como White Stripes e Muse, mas o passado ainda me parece insuperado. Como compositor fico atento ao que está acontecendo, mas muita coisa me parece releitura. Acho que tudo na minha vida acaba aparecendo nas minhas canções, e algo tão intenso quanto meu acidente vai estar presente também. Esse episódio todo me deixou mais reflexivo e, por consequência, as letras do disco novo estão um pouco mais introvertidas também.
Pretende passar mais tempo em casa, descansando?
Sim. Volto para a estrada em abril, mas já estou com saudades de casa. Eu amo tocar e tenho a sorte e o privilégio de viver de música. Quero poder continuar minha carreira: fazer shows e discos. Me acostumei a ser um nômade, mas esses meses em casa foram transformadores. Quero fazer turnês mais curtas.
Como é tocar para um público que ouve bandas adolescentes como NXZero e Fresno?
Temos a sorte de ver o nosso público se renovando. Não queremos viver do nosso passado, e sim dos discos novos. Acho que se você se concentrar no futuro, vai ser percebido como um artista vivo que tem algo a dizer, a apresentar. Você tem que olhar sempre pra frente. É como aquela história bíblica, olhou pra trás virou uma estátua de sal. E nos comunicamos com esse público com naturalidade, afinal somos adolescentes faz muito tempo... muito mais tempo que eles.
Qual é o papel do Capital no rock em 2010?
Acho gozado, mas estamos virando um a espécie de banda "clássica". Parece pretensioso, mas quando você consegue ficar tanto tempo com a cabeça acima d'água, você acaba entrando para outra categoria. No Brasil, bandas não costumam chegam até esse momento, em geral terminam antes. É uma novidade com poucos precedentes - Os Mutantes e outros poucos. Eu tenho a impressão de que, no Brasil, muitos músicos acabam se afastando do rock. Ficam mais românticos ou populares. Parece que rock é um momento da adolescência, um momento que eventualmente passa quando eles crescem.
E isso acontece com outros gêneros musicais?
É curioso, mas não. O cara que faz MPB, faz MPB para a vida toda. O cara que faz jazz, faz jazz para a vida toda. No entanto, com o rock, em algum momento parece que o sujeito desencana. Acha desapropriado ou pueril. No exterior, é comum ver bandas seguindo a carreira por décadas. Mesmo sem fazer mais sucesso, mesmo sem tocar mais no rádio, mesmo sem aparecer mais na tevê, eles continuam. Rock brasileiro é minha vida. É quase uma causa; uma causa à qual dediquei décadas. Comecei a ouvir rock com 12 anos e não tenho a mais remota intenção de parar.
Fonte: Correio Braziliense
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